Apocalipse Capítulo 12 – A mulher e o dragão

Até aqui, a profecia nos descreveu eventos,  direcionados por Deus,  que afetaram o mundo todo; o capítulo 12 volta no tempo, ao início da história do cristianismo, para nos mostrar as coisas relacionadas ao povo de Deus. Desde este ponto até o final do capítulo 15, veremos a forma como Satanás lutou e está lutando contra o povo de Deus, e as consequências e resultados para os que perseveram.

1 Viu-se grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça.2 A mulher estava grávida e gritava com dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.

3 Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e, nas cabeças, sete diademas.4 A sua cauda arrastou a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra. E o dragão se deteve diante da mulher que estava para dar à luz, a fim de devorar o filho dela quando nascesse.

5Ela deu à luz um filho homem, que há de governar todas as nações com cetro de ferro. E o filho da mulher foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono.

A mulher vestida de sol representa o que trouxe Jesus Cristo à terra, ou o motivo pelo qual ele veio ao mundo, os justos e santos que amam a Deus, a igreja. O dragão de sete cabeças representa o próprio Satanás e a sua influência sobre os governos do mundo. O dragão parado na frente da mulher representa a tentativa de Satanás matar Jesus logo após o seu nascimento, através da perseguição de Herodes, quando ocorre a fuga de José e Maria para o Egito, como descrito no livro de Mateus, capítulo 2.

A primeira fuga da mulher para o deserto, que ocorre após a subida de Jesus ao trono de Deus, aparenta representar as primeiras perseguições sofridas pelos cristãos de Jerusalém e a sua fuga antes da destruição da cidade pelos romanos. O deserto representa um lugar de provações e purificação, mas também de milagres e salvação da parte de Deus.

A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar, para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias.

13 Quando o dragão viu que tinha sido atirado para a terra, perseguiu a mulher que tinha dado à luz o filho homem.14 Mas foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse para o deserto, para o seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora do alcance da serpente.15 Então, a serpente lançou da boca água como um rio atrás da mulher, a fim de fazer com que ela fosse arrastada pelas águas.

16 A terra, porém, socorreu a mulher: abriu a sua boca e engoliu o rio que o dragão tinha lançado de sua boca.

17O dragão ficou irado com a mulher e foi travar guerra com o restante da descendência dela, ou seja, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.

As asas de uma ave são o que a levam a voar; aqui, as duas asas dadas à mulher indicam algo que lhe deu força, algo que a ajudou a suportar ou se livrar das perseguições. Faltam informações históricas para dizer como tudo ocorreu, mas as duas asas representam o favor de Deus, que o povo recebeu para se manter firme e suportar as perseguições e as provações.

A segunda fuga da mulher e a água lançada da boca do dragão representam a grande perseguição sofrida pelos cristãos através do império romano, no início do século 4. No ano de 303, o cristianismo foi proibido em todo o império romano; houve uma grande perseguição aos cristãos, a mais cruel até então, com muitas prisões e mortes daqueles que não aceitavam a chance de negar a Fé em troca da vida.

A terra abrir a sua boca e engolir o rio para ajudar a mulher simboliza um fato que ajudou os cristãos naqueles dias: na época, o império romano era dividido entre quatro imperadores, havia o império romano do oriente e o império romano do ocidente. A perseguição aos cristãos foi feroz nos impérios do ocidente, mas houve um abrandamento com relação aos cristãos no lado oriental, a divisão da terra ajudou os cristãos, pois os grupos do exército, criados exclusivamente para caçá-los, não podiam passar das linhas que dividiam o império. Muitos cristãos fugiram para o lado oriental do império.

O dragão ficou irado com a mulher e foi travar guerra com o restante da descendência dela, ou seja, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.” – Essa passagem indica o que aconteceria a seguir, os próximos passos do dragão, que é Satanás. O que ele fez foi atacar os mandamentos de Deus e as palavras de Jesus, e ficará claro nos próximos capítulos que é exatamente essa a forma que ele usou, e ainda usa, para identificar e perseguir aqueles que são fiéis, os que não se dobram às falsas doutrinas.

Logo após sofrer a sua segunda grande perseguição, o cristianismo foi adotado como a religião oficial de todo o império romano, o que, na verdade, se mostrou uma nova forma de perseguição aos fiéis. A igreja romana mudou as palavras da verdade e perseguia a todos os que não se submetiam à sua doutrina. Até os dias de hoje, essa é a arma usada por Satanás, que, de forma engenhosa, e com aparência de sabedoria, inseriu palavras falsas na doutrina deixada por Jesus e pelos apóstolos. Para concluir isso, basta olhar para a enorme quantidade de igrejas existentes, cada uma com uma doutrina diferente, todas negando as obras de piedade, o amor leal e o conhecimento verdadeiro. Foi essa a forma usada por Satanás para desviar os fracos na Fé e difamar o caminho da verdade.

Mas o foco, nesse momento da história, que se passa ao longo dos séculos 4 e 5, é que, durante o período que chamamos de Idade Média, a igreja romana se tornou a principal ferramenta usada por Satanás para perseguir todos aqueles que se mantinham fiéis aos mandamentos de Deus e ao testemunho de Jesus; e basta uma breve pesquisa para concluir que isso durou até o meados do período que chamamos de Idade Moderna, entre os séculos 17 e 18.