Apocalipse Capítulo 10 - O Anjo e o Livrinho

“1 Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça. O rosto dele era como o sol, e as pernas eram como colunas de fogo.

2 O anjo tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o pé esquerdo sobre a terra3 e gritou com voz forte, como ruge um leão. E, quando ele gritou, os sete trovões fizeram soar as suas próprias vozes.”

A linha do tempo dos eventos anteriores termina ao final do século 15. Para  entender  essa passagem  precisamos saber algumas coisas que os cristãos daquela época passavam. Naqueles tempos, a Bíblia era proibida para o povo comum; qualquer um que possuísse algum livro ou carta que fizesse parte da Bíblia corria o risco de perder a vida nos tribunais da inquisição romana. O acesso à Bíblia era exclusivo aos membros internos da igreja romana: o povo não podia ler a Bíblia sem a supervisão de um membro da igreja e mesmo assim, a única versão disponível era em latim. Também era considerado um crime traduzir a palavra de Deus. Naquela época muitos foram perseguidos e mortos pela inquisição romana por tentarem traduzir a Bíblia para a sua língua natal e entregá-la ao povo.

No período que coincide com o fim das tribulações representadas pelos toques das seis primeiras trombetas, houve uma grande movimentação de cristãos fiéis em torno da Bíblia. Esse foi o período que marcou o início dos eventos que conhecemos como Reforma Protestante. Muitos deles tentaram traduzir a Bíblia para as suas línguas e torná-la acessível ao povo. Houve muitos fiéis que foram presos, perderam todos os seus bens, foram mortos definhando em prisões, foram torturados, muitos foram queimados em fogueiras, tudo isso por se oporem às doutrinas pregadas pela igreja romana.

A visão do anjo e do livrinho representa isso: o Senhor dando ao mundo acesso à sua palavra.

“Peguei o livrinho da mão do anjo e o devorei. Na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.”

Essa passagem é de fácil compreensão:  a doçura na boca representa a felicidade  dos fiéis ao ler e falar as palavras da verdade e sabedoria,  em contraste com a amargura no estômago que representa as consequências duras que muitos sofreram por tentarem traduzir a Bíblia e por se oporem às falsas doutrinas impostas na época. Todos aqueles que “comeram” a sabedoria contida no livrinho, a Bíblia, se opuseram à igreja romana e eram severamente punidos por isso, sentindo a amargura no estômago.

Quase todos conhecem as histórias da inquisição: famílias perderam seus lares e muitos perderam as suas vidas de forma cruel, definhando em prisões, enforcados, decapitados, queimados, torturados... Muitos se tornaram mártires por se oporem às falsas doutrinas e por pregarem a verdade para que a Palavra de Deus se espalhasse.