Apocalipse Capítulo 11 - As Duas Testemunhas
“1Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito:
— Levante-se e vá medir o santuário de Deus, o altar, e os que adoram no santuário. 2Mas deixe de lado o átrio exterior do santuário e não o meça, porque esse átrio foi dado aos gentios, que, por quarenta e dois meses, pisarão a cidade santa.
3Darei autoridade às minhas duas testemunhas para que profetizem durante mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.
4São estas as duas oliveiras e os dois candelabros que estão em pé diante do Senhor da terra.”
Para compreender esse capítulo, precisamos conhecer um pouco a história do cristianismo.Após o cristianismo se tornar a religião oficial do império romano, a igreja romana praticava o controle absoluto sobre a doutrina cristã que era pregada ao povo, isso dá sentido ao fato de a cidade santa ser pisada pelos gentios. A cidade santa representa o local de adoração a Deus; os falsos mestres da igreja romana se colocaram como os intermediadores entre o povo e Deus: eles se colocaram no lugar do templo. Eles pisavam o lado de fora do templo, ou seja, não praticavam a verdadeira adoração a Deus, não chegavam ao santuário ou ao altar. Como veremos a seguir, esse controle praticado pela igreja romana durou entre 1200 e 1300 anos, período de tempo representado pelos quarenta e dois meses, que, convertidos em dias, dão mil duzentos e sessenta dias.
Ao longo da Bíblia, é possível identificar a palavra azeite como sinônimo de sabedoria: a oliveira é uma fonte de azeite; um candelabro é uma fonte de luz; sabemos que a Bíblia é fonte de luz e sabedoria para aqueles que a leem. Podemos dizer que a Bíblia possui duas fontes de luz e sabedoria: o Antigo e o Novo Testamento, as duas alianças, a de Moises e a de Jesus. Como tudo no livro é falado de forma simbólica, as duas testemunhas são a forma usada para simbolizar a Bíblia. O Antigo Testamento nos dá muitos relatos de pessoas que ao passarem por luto, sofrimentos ou dificuldades, se vestiam de panos de sacos; o simbolismo do fato de as duas testemunhas pregarem vestidas de pano de saco representa a dificuldade que elas teriam para pregar ao povo, ou seja, durante mil duzentos e sessenta dias, o povo teria muita dificuldade para ter acesso às Escrituras Sagradas.
Conseguimos ligar, perfeitamente, o período de tempo que a cidade santa é pisada, e que as duas testemunhas profetizam vestidas de pano de saco, com a história da Bíblia e dos cristãos. No início do século 4, no ano de 303, o cristianismo foi proibido em todo o território do império romano; nesse período, as propriedades das igrejas e dos cristãos foram tomadas pelo estado, muitos cristãos foram presos e mortos, todos os livros, ou cartas, que falassem sobre o cristianismo, ao serem encontrados, eram destruídos. Alguns anos após isso, no final do mesmo século, o cristianismo se tornou a religião oficial do império romano, o que se mostrou ser uma nova forma de perseguição criada por Satanás. Na época, a igreja romana criou uma lista de livros que faziam parte da Bíblia da igreja romana; essa lista foi estabelecida no Concílio de Roma, no ano de 382; entre os anos de 385 e 405, a Bíblia foi traduzida para o latim. Desde o momento das perseguições aos cristãos até a democratização do acesso à Bíblia, passaram-se entre mil e duzentos a mil e trezentos anos.
Durante esse período, a igreja romana tentou se colocar no lugar de verdadeira igreja e os cristãos precisavam esconder qualquer livro ou carta que fizesse parte da lista de livros incluídos na Bíblia romana, não somente por correrem o risco de perderem o pouco material que possuíam como fonte de conhecimento, mas, também, por correrem o risco de perderem a própria vida.
“7 Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo fará guerra contra elas; a besta vencerá e matará as testemunhas.8 E os seus cadáveres ficarão estirados na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado.9 Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplarão os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitirão que esses cadáveres sejam sepultados.10 Os que habitam sobre a terra se alegrarão por causa da morte dessas duas testemunhas, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porque esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra.
11 Mas, depois dos três dias e meio, entrou neles um espírito de vida vindo da parte de Deus, e eles se ergueram sobre os pés, e aqueles que os viram ficaram com muito medo.12 E as duas testemunhas ouviram uma voz forte vinda do céu, dizendo-lhes:
— Subam para cá.
E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram.13 Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade. Nesse terremoto, morreram sete mil pessoas. As outras pessoas ficaram aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu.
14 Passou o segundo aí. Eis que, sem demora, vem o terceiro aí.”
Esse trecho da profecia é de difícil compreensão por exigir um pouco de conhecimento sobre a história dos séculos 17 e 18, mas, em resumo, está ligado aos movimentos evolucionistas que surgiram durante esse período, o Iluminismo e as diversas revoluções que aconteceram na época. O Iluminismo foi um movimento intelectual que defendeu a valorização da razão em detrimento da Fé como forma de entender o mundo e os fenômenos da natureza, ou seja, um movimento filosófico que negava Deus; ele atingiu o seu auge em meados do século 18. Esse movimento surgiu na Europa, principalmente na França, que hoje sabemos que foi um país altamente idólatra e que, durante a sua revolução, negou a existência de Deus e Jesus Cristo, chegando ao ponto de estabelecer o culto à deusa da razão como a religião do estado. Isso é simbolizado pelo fato de as duas testemunhas serem mortas em um local que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, e onde seu Senhor foi crucificado. Ou seja, a palavra de Deus, a Bíblia, foi negada em um local altamente idólatra e que negou a existência de Deus e a verdade sobre Jesus Cristo. A troca de presentes representa a grande troca de informações que ocorreu entre pessoas do mundo todo durante aquela época, que, inclusive, tornou o século 18 conhecido como Século das Luzes. As ideias criadas na época se espalharam pelo mundo, trazendo muitas e grandes transformações sociais e culturais.
E, apesar desse movimento, que negava a Fé, e chegou ao ponto de pregar o materialismo e o ateísmo, a palavra de Deus, a Bíblia, se espalhou por todo o mundo. Ao longo dos séculos 17 e 18, gradualmente, a Bíblia ganhou mais e mais traduções. A Bíblia é o livro mais traduzido, impresso e lido do mundo; isso é o subir ao céu. Como exemplo, para comparação, temos a passagem do livro de Daniel, onde o rei Nabucodonosor é comparado a uma árvore que atinge o céu: atingir o céu, naquele caso, significava que a fama e o poder do rei ficaram conhecidos em todo o mundo; o mesmo se aplica aqui às duas testemunhas. Foi nesse período de tempo que a que a Bíblia pôde ser traduzida livremente para várias línguas e, desde então, é o livro mais lido, conhecido e amado de todo o mundo.
“Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade. Nesse terremoto, morreram sete mil pessoas. As outras pessoas ficaram aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu.
Passou o segundo aí. Eis que, sem demora, vem o terceiro aí.”
Novamente, há um evento histórico que se encaixa perfeitamente neste momento, tanto no período de tempo que se seguem os fatos, como nas características descritas. Esse foi um evento ocorrido na metade do século 18 que ficou conhecido como O Grande Sismo de 1755, ou Terremoto de Lisboa; esse foi um grande terremoto que atingiu Lisboa no dia 1 de novembro de 1755. Esse terremoto foi tão forte que foi sentido em praticamente toda a Europa e em grande parte da Ásia e da África. A enorme destruição causada por esse evento ficou conhecida mundialmente. A destruição foi tão grande e terrível, que o rei de Portugal, D. José I, viveu o resto da sua vida em tendas devido ao pavor que criou por ambientes fechados. Na cultura popular, o terremoto fez com que muitos enxergassem o desastre como um castigo divino, enquanto alguns negavam a existência de Deus devido a ele. Ou seja, todos, de alguma forma, ligaram o evento ao nome de Deus; todos, mesmo que sem querer, deram glória a Deus ao ligar o evento ao seu Nome.
A sétima trombeta:
“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu vozes fortes, dizendo:
"O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre."
E os vinte e quatro anciãos que estavam sentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus, dizendo:
"Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra."
Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da sua aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e forte chuva de granizo.”
A Palavra de Deus é perfeita, pois, seguindo a linha do tempo relacionada aos eventos anteriores, após as seis primeiras trombetas, a entrega da Bíblia ao povo e o terremoto do século 18, ocorrido no ano de 1755, o final do século 18 foi marcado pelo início de grandes mudanças sociais. O grande evento que marca isso ficou conhecido como Revolução Francesa e teve seu início no ano de 1789. Podemos associar perfeitamente o toque da sétima trombeta aos eventos ocorridos nesse período de tempo e à Revolução Francesa, fato que gerou várias outras revoluções ao redor do mundo. Além da linha de tempo que estamos seguindo, temos os exemplos passados; assim podemos compreender os relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e forte chuva de granizo como:
Os relâmpagos representam as ideias que iluminaram os pensamentos do povo e causaram as revoluções. A própria história deixa isso claro quando identifica o século 18 como Século das Luzes por ter sido um período de grande desenvolvimento cultural, científico, artístico e filosófico.
· As vozes representam os que pregaram as filosofias revolucionarias ao povo e as consequências disso, que foi o povo, descontente com as condições de vida da época, reclamando e se manifestando contra as suas lideranças.
Os trovões representam grandes e violentas manifestações populares que ocorreram.
O terremoto simboliza os abalos causados por esses eventos, que resultaram em mudanças de poderes e governos trazendo o atual sistema de governo, a Democracia.
Foi exatamente nessa sequência que os eventos da Revolução Francesa ocorreram.
A forte chuva de granizo representa um evento, que é muito bem registrado nos livros de história, e ficou conhecido como Ano sem Verão, Ano sem um Verão, Ano da Pobreza ou Ano em Que não Houve Verão. Esse foi um evento climático, ocorrido no ano de 1816, que, como o nome diz, causou um inverno prolongado em todo o hemisfério Norte, trazendo a destruição de plantações, a morte de animais, a fome e o frio.
Tudo o que é descrito acima está muito bem registrado nos livros de história, e isso tudo deixa claro em que momento houve o “toque da sétima trombeta”. Foi exatamente na sequência descrita anteriormente que ocorreram os fatos que trouxeram a democracia. Precisamos prestar atenção ao evento da forte chuva de granizo descrita aqui; esse evento será usado como modelo para entendermos um evento relacionado ao último flagelo descrito no capítulo 16.
Aqui, nós também podemos observar a mudança de poderes entre o terceiro e quarto animal descritos no livro de Daniel; foi neste momento que surgiu a atual forma de governo, a democracia representativa.
Os capítulos anteriores nos mostraram eventos relacionados a todo o mundo e que seguiram uma linha de tempo até o início do século 19. O capítulo 12 abre um parêntese na história, fora da linha de tempo anterior, para nos mostrar alguns eventos que precisamos compreender para que possamos entender o que passaremos em breve. Esse parêntese vai até o capítulo 15 e é voltado a nos mostrar coisas relacionadas ao povo de Deus e as dificuldades que enfrentamos, coisas que já aconteceram, estão acontecendo, e ainda acontecerão. Ao final do capítulo 15, a linha de tempo anterior é retomada.
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